quarta-feira, 23 de dezembro de 2009
“Era uma vez três irmãzinhas”, ele começou apressadamente, “e seus nomes eram Elsie, Lacie e Tillie, e elas viviam no fundo de um poço...”
“E o que elas comiam?”, perguntou Alice, que sempre se interessava pelas questões sobre comida e bebida.
“Elas comiam melado”, respondeu o Leirão, depois de pensar por um minuto ou dois.
“Elas não poderiam viver só de melado, você sabe”, Alice observou gentilmente. “Elas ficariam doentes.”
“E ficaram”, disse o Leirão, “muito doentes.”
Alice tentou um pouquinho imaginar quão extraordinário seria este modo de vida, mas ficou muito confusa e assim, continuou: “Mas porque elas viviam no fundo de um poço?”
“Tome mais um pouco de chá”, ofereceu a Lebre de Março para Alice, com um ar sério.
“Mas eu ainda não tomei nada”, replicou Alice em um tom ofendido, “portanto eu não posso tomar mais.”
“Você quer dizer que não pode tomar menos”, disse o Chapeleiro, “é mais fácil tomar mais do que nada.”
“Ninguém perguntou sua opinião”, disse Alice.
“Quem está fazendo observações pessoais agora?”, o Chapeleiro perguntou triunfalmente.
Alice não tinha o que responder no momento, daí, aproveitou para tomar um pouco de chá com torradas. Virou-se então para o Leirão e repetiu sua pergunta: “Porque elas viviam no fundo de um poço?”
Mais uma vez o Leirão demorou um minuto ou dois para responder e então disse: “Era um poço de melado.”
“Isso não existe!”, Alice estava ficando muito brava, mas o Chapeleiro e a Lebre de Março começaram a fazer psiu e o Leirão com um ar amuado observou: “Se você não consegue se comportar civilizadamente, é melhor que acabe a história por conta própria.”
“Não, por favor, continue!”, disse Alice humildemente. “Eu não vou mais interromper. É muito provável que existe mesmo um poço assim.”
“Um, certamente!”, retomou o Leirão indignadamente. Entretanto, ele continuou. “Bem, daí as três irmãzinhas...elas estavam aprendendo a extrair, sabe...”
“O que elas extraíam?”, perguntou Alice, já esquecendo da promessa.
“Melado”, respondeu o Leirão, sem levar em conta a quebra da promessa, dessa vez.
“Eu quero uma xícara limpa”, interrompeu o Chapeleiro, “vamos mudar de lugar.”
Ele avançou um lugar enquanto falava, e o Leirão o seguiu, a Lebre de Março ficou no seu lugar e Alice com má vontade ficou com o lugar da Lebre de Março. O Chapeleiro foi o único que ficou com a xícara limpa e Alice ficou em um lugar bem pior do que estava antes, pois a Lebre de Março tinha acabado de derramar leite no prato.
Alice não queria ofender o Leirão novamente, por isso começou a falar com cautela:
“Mas eu não entendi. De onde elas extraíam o melado?”
“Você pode extrair água de um poço de água”, disse o Chapeleiro, “portanto eu acho que pode extrair melado de um poço de melado, não é, imbecil?”
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